[Literatura, sua linda!] Cora Coralina
O QUE SE ESCONDI POR DE TRÁS DAS PEDRAS
“[...]
Entre pedras que me esmagavam
Levantei
a pedra rude dos meus versos.”
Cora
Coralina
Cora coralina era totalmente a frente do seu
tempo, escritora de alma e doceira de profissão. Rejeitada mas indomada!
Oscilava entre frágil velhinha para vereadora formadora de opinião, mobilizava
multidões com seu jeito bravio e renitente. Não precisou de escola para ser
dominadora das palavras e percussora da sabedoria da terra.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, esse
era seu nome! Passou a ser Cora Coralina em 1903 quando começou a publicar seus
versos no jornal de poemas femininos "A Rosa”. Ficou conhecida muitos anos
depois como poetisa e contista após ser elogiada por Carlos Drummond de
Andrade. Por isso que a maioria de nós tem na memória a imagem de uma velhinha,
e por um grande equivoco imaginamos que ela começou a escrever já idosa.
Cora Coralina nasceu na cidade de Goiás, no
dia 20 de agosto de 1889. Doceira de ofício, o exerceu até os últimos dias de
sua vida. Mas desde muito jovem Cora já escrevia em secreto! Quando passou a
publicar seus textos e viu que ganhou o gosto popular, revelou ser a verdadeira
autora o que ninguém acreditou.
Aninha era renegada pela família, pois seu
nascimento não trouxe a cura para a doença de sua mãe (como era a cresça da
época, o casal que tivesse algum tipo de doença, se tivesse um filho, a doença
vinha sobre o filho e o pai ou a mãe estaria curado) saiu da escola no segundo
ano para ser alfabetizada por sua mãe, não se casou “na época certa”... Ou seja
a ovelha negra da família.
Em
1911, Fugiu com o advogado divorciado Cantídio Tolentino Bretas, com quem teve
seis filhos. Foi convidada a participar da Semana de Arte Moderna, mas é
impedida pelo seu marido.
Só lançou seu primeiro livro, em 1965, aos 76
anos, "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais". Em 1976, é
lançado o livro "Meu Livro de Cordel" pela editora Goiana. Mas o
interesse do grande público é despertado graças aos elogios do poeta Carlos
Drummond de Andrade, em 1980.
(TRECHO POEMA – MINHA CIDADE)
Eu sou o caule
dessas trepadeiras sem classe,
nascidas na frincha das pedras:
Bravias.
Renitentes.
Indomáveis.
Cortadas.
Maltratadas.
Pisadas.
E renascendo.
Eu sou a dureza desses morros,
revestidos,
enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo.
Pastados.
Calcinados
e renascidos.
Minha vida,
meus sentidos,
minha estética,
todas as virações
de minha sensibilidade de mulher,
têm, aqui, suas raízes.
Eu sou a menina feia
da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.
Mariane Helena.
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