[Literatura,sua linda!] Escritor Lima Barreto
ENLOUQUECENDO A NOBRE LÍNGUA!
“Não é só a morte que iguala a
gente.
O crime, a doença e A LOUCURA
TAMBÉM acabam
com as diferenças que a gente
inventa.”
Lima Barreto
Considerado um dos mais importantes da
Literatura brasileira, Lima Barreto extrapola os limites literários! Ele foi um
dos poucos de nossa Literatura a combater o preconceito racial e a discriminação
social do negro. Filho de família humilde, perdeu a mãe, a professora primária
Amália Augusta, aos seis anos; e em virtude da doença mental que acometia o
pai, Lima Barreto precisou abandonar a faculdade para sustentar a família,
madrasta e irmãos.
Como Machado de Assis, ele também era negro,
provindo das classes subalternas da sociedade carioca. Como Machado, ele se
tornaria cronista da cidade do Rio de Janeiro. Como Machado, também teve que
conviver com a instabilidade psíquica, escrevendo no limite tênue que existe
entre loucura e razão; usando a “loucura raiz” para sanar a sociedade
doentiamente “normal”.
A LOUCURA ESTAVA A SOLTA! Mas levou, Machado
de Assis e Lima Barreto para caminhos diferentes. Machado de Assis escrevia para a elite do país;
Lima Barreto, sempre manteve uma atitude de não pertencer à nata da sociedade,
mas sim ao círculo dos autores formadores da opinião pública e do estilo
literário. Podendo-se dizer que ele foi o pai da literatura marginal!
Oscilando constantemente entre problemas com
o alcoolismo e distúrbios mentais, Lima Barreto deixou uma obra literária digna
de leitura e admiração.
Mesmo severamente criticado por escritores
contemporâneos por seu estilo despojado e coloquial, que acabou influenciando
os escritores modernistas.
Também queria que a sua literatura fosse
militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo para despertar
alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade,
privilegiavam apenas certas pessoas... grupos.
Lima Barreto denunciou também a
artificialidade lingüística presente na literatura brasileira, se tornando
assim o antipurismo. Falava, em sua obra, contra o poder do dinheiro, da posição
social, da palavra rebuscada, da falta de simplicidade, das regras rígidas
diferentes da forma usada normalmente.
Em síntese, ele defendia o emprego do
português do Brasil e recusava-se a empregar a linguagem e o modelo purista,
uma vez que via a “linguagem apurada como índice de um poder constituído”, era
totalmente contra a palavra que segrega, que limita o acesso de todos.
Orgulhoso de sua origem modesta e da
ascendência de seus avós, antigos escravos, seu objetivo era expressar “os
sofrimentos e sonhos do povo”, compreendendo sua vida e obra como um “contínuo
protesto contra toda e qualquer injustiça”. E Nunca foi levado a sério...
Usavam sua loucura como desculpa para não aceitar os ideais de um bêbado, com
comportamento inadequado para um escritor em 1919.
Era uma voz que clamava pela identidade
brasileira. Sua voz, entretanto, não foi ouvida àquela época e seu trabalho só
foi realmente reconhecido anos depois de sua morte. Mesmo assim, pode-se dizer
que sua escrita colaborou para a construção de um novo pensamento lingüístico e
literário no Brasil. Pode-se afirmar que Lima Barreto foi o precursor do
movimento modernista, o qual rompe de vez com o conservadorismo na literatura,
nas artes e na utilização da língua.
Ou seja, lutar pela igualdade e acesso livre
de todos, REALMENTE ERA (É) UMA LOUCURA!
Mariane Helena.
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